Se você se sente atrasado na vida, leia isso

Hoje em dia, parece que nossas vidas ficam cada vez mais simples, principalmente quando pensamos em plataformas digitais, ensino a distância, trabalho remoto, além de milhares de serviços que facilitam o dia-a-dia, como aplicativos de entrega, encontros, entretenimento, redes sociais e diversos outros.

Apesar disso, nós humanos nos sentimos cada vez mais tristes, isolados, depressivos e - como tema desse vídeo - simplesmente perdidos na vida.

Você acorda todos os dias, trabalha, almoça e preenche as lacunas das suas obrigações com videogames, tik tok, instagram, netflix e outras infinidades de sedativos.

O problema é que, apesar disso, aquele vazio ainda continua lá, sempre presente na sua mente. Perguntas como essas preenchem o seu dia: o que eu tô fazendo com a minha vida? Eu já tenho 20 e tantos anos, ou 30 e tantos anos, por que ainda não consegui encontrar algo que me satisfaça?

Se esse tipo de coisa passa pela sua cabeça, saiba que você não está sozinho. Basicamente a humanidade inteira pensa ou já pensou em coisas como essas. Até pessoas já “resolvidas” podem acabar “se perdendo” e caindo novamente nesse loop que parece interminável.

Dizendo por mim mesmo, sei que estou há anos nisso. Eu não sei se caí em algum tipo de armadilha relacionada à essência do propósito ou se realmente ainda não encontrei algo que gosto de fazer e posso me dedicar. Talvez eu nunca saiba a resposta.

O que eu sei é que a grande maioria das pessoas coloca sua felicidade em algum evento futuro que elas esperam que aconteça. “Quando eu conseguir aquele emprego dos sonhos, minha vida vai melhorar”. “Quando eu fundar a minha própria empresa, vou ter o dinheiro que sempre quis”. E é exatamente por isso que fica muito fácil se comparar com alguma celebridade, empreendedor ou artista no instagram que: 1. É (geralmente) mais novo que você 2. Teve mais sucesso em um ano de vida do que você provavelmente vai ter na vida toda. E por aí vai, você provavelmente pensa assim, assim como eu já pensei.

Pra mim, a questão fica mais complicada: a partir de um certo ponto no passado, passei a simplesmente “ignorar” o sucesso dos outros. Eu entendi que a regra da comparação não fazia sentido.

Existe uma frase sensacional de Albert Einstein que passa exatamente o que eu quero dizer: “Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua capacidade de subir em uma árvore, ele vai gastar toda a sua vida acreditando que é estúpido.”

Ou seja, se eu sou um peixe, por que vou ficar me comparando a um macaco numa habilidade de escalada? Um exemplo prático: eu gosto de música e instrumentos, fui e voltei nessa prática nos últimos anos, mas tenho amigos que simplesmente são muito melhores que eu nesse tipo de coisa. Apesar disso, tenho um negócio com texto e palavras, de forma possivelmente superior a maioria dos meus amigos.

Caso eu ficasse insistentemente na música, provavelmente viveria muito mais frustrado. Percebi que precisamos focar naquilo que gostamos e temos algum tipo de proficiência, além de eliminar comparações inúteis.

Outra frase pra vocês, dessa vez de Mark Twain: “Já sofri por muitas coisas em minha vida. A maioria delas nunca existiu.”

A felicidade é uma escolha. Se você acha que ter todos os seus sonhos preenchidos vai fazer com que você seja feliz, você vive em uma constante fantasia fugindo de si mesmo.

Nós somos imprecisos em como achamos que nossa vida vai ser no futuro. A realidade é que, não importa em que fase da vida nós estamos, sempre vão existir problemas. É exatamente por isso que, por exemplo, artistas famosos cometem suícidio. Eles têm tudo que a maioria dos humanos comuns querem: dinheiro, status, reconhecimento por seus trabalhos e, apesar disso, vivem em depressão ou simplesmente desistem de viver.

É claro que isso não é uma regra, mas apresenta uma ideia geral de que o sucesso que tanto buscamos não tem origem externa, mas simplesmente floreia dentro de nós.

A filosofia do estoicismo dita exatamente isso em um de seus principais lemas, chamado de A Dicotomia do Controle:

Epíteto, um dos estócios, explica o que é a dicotomia do controle, dizendo que coisas como nossa opinião, motivação, desejo ou qualquer coisa que nós fazemos por nós mesmos estão sob nosso controle.

Outras coisas, ou seja, tudo aquilo que é externo, por exemplo, o nosso corpo, propriedades e reputação, não estão sob o nosso controle.

Minha recomendação é que você explore essa ideia, entendendo aquilo que você pode e não pode fazer, sempre focando naquilo que é possível. Você tem controle sobre as suas vontades, e a nossa opinião é uma das coisas mais importantes relacionadas a isso.

Principalmente a nossa opinião sobre nós mesmos. Se você acha que não é suficiente, ou não tem uma habilidade suficiente para fazer ou ser alguma coisa, ninguém vai fazer isso por você. E é exatamente por isso que a ideia de felicidade vem de dentro.

Pra mim, por exemplo, criar esse conteúdo trouxe um tipo de sensação de realização que eu não sentia a muito tempo. Isso aconteceu porque eu entendi finalmente que sou bom com palavras, e ao menos imagino que tenho alguma coisa útil pra passar pras pessoas.

Portanto, foque no processo. Se você tem um sonho (ou melhor, objetivo) de, por exemplo, ser um artista famoso, foque naquilo que você pode fazer para chegar lá. Se você gostar de pintar e desenhar, talvez fazer arte todos os dias, por menor que seja, te ajude a melhorar e produzir peças cada vez melhores. O importante é criar algum tipo de sistema que te ajude a avançar na direção que seus objetivos estão.

Além disso, para eliminar as bases de comparação que você vê diariamente, deletar suas redes sociais, ou usá-los de maneira muito simples e inteligente pode ser uma ferramenta extremamente importante para chegar lá. Eu mesmo sou um exemplo disso. Há mais ou menos um ano, comecei a desenvolver uma vontade de excluir todas as minhas redes sociais, mas principalmente o Instagram. Eu passava literalmente horas por dia vendo fotos, vídeos, stories de um zilhão de páginas e pessoas que não ajudavam em nada na minha vida. Em novembro eu excluí o instagram e fiquei até o mês passado sem nenhum tipo de acesso.

Voltei recentemente porque sentia falta de estar mais presente na vida dos meus amigos, mas também impus uma condição a mim mesmo: eu teria que seguir o mínimo de páginas e pessoas possível. Hoje sigo 48 pessoas - considerando que a grande maioria são amigos e família, simplesmente não tem como eu passar mais de 5 minutos por dia lá, porque eu vejo tudo em poucos minutos. Essa foi uma estratégia que eu usei e você também pode usar.

Não vai ser um processo fácil, principalmente porque você vai se sentir desconectado do mundo, mas é algo muito benéfico para ajudar a eliminar esse processo de comparação.

Por fim, se você é jovem, ainda tem muito tempo para errar. Então arrisque, não tenha medo de falhar, só tenha medo de passar uma vida toda existindo, sem nunca chegar próximo de realmente viver.

André Cicarelli

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