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A Sabedoria do Fazer Menos
Por que desacelerar pode ser o caminho para realizar mais
Olá, amigo estoico. Espero que esta carta te encontre bem.
Hoje quero compartilhar uma reflexão interessante, principalmente para esse mundo agitado e obcecado pelo “fazer mais” a todo custo. Essa reflexão faz muito sentido para mim, e talvez faça para você também.
Ao longo do tempo tenho percebido que quanto mais eu tentava ser produtivo, quanto mais me esforçava para fazer tudo o que estava na minha lista, paradoxalmente, menos eu conseguia realizar o que realmente importava. É como se estivéssemos presos em uma esteira que aumenta a velocidade constantemente, correndo cada vez mais rápido, mas sem sair do lugar.
Vivemos em uma época onde a produtividade se tornou quase uma religião. Podcasts, livros, cursos e aplicativos nos prometem o segredo para fazer mais em menos tempo. Somos bombardeados com mensagens sobre como otimizar cada minuto do nosso dia, como se o tempo fosse apenas uma commodity a ser explorada até seu último segundo.
Mas os antigos estoicos já nos alertavam sobre esse tipo de armadilha. Sêneca, em "Sobre a Brevidade da Vida", nos lembra que não temos pouco tempo, mas perdemos muito dele. E essa perda não acontece apenas quando procrastinamos - acontece também quando nos perdemos na ilusão de que quantidade equivale a qualidade.
Marco Aurélio, em suas Meditações, frequentemente refletia sobre a importância de fazer menos, mas fazer melhor. Ele entendia que a verdadeira produtividade não está na quantidade de tarefas concluídas, mas na qualidade da nossa atenção e intenção em cada ação.
Recentemente, li um livro chamado Essencialismo, que aborda basicamente a ideia de “menos, porém melhor”. Ao longo dos capítulos, percebi a importância de criar espaço para pensar e de aprender a dizer “não” para o que não faz sentido em nossas vidas.
Passei as últimas semanas tentando manter um ritmo frenético de trabalho, estudos e projetos pessoais, mas me vi completamente esgotado e, ironicamente, com menos resultados significativos do que quando mantinha um ritmo mais consciente e moderado.
Foi quando comecei a experimentar uma abordagem diferente:
Passei a reservar momentos de silêncio absoluto no início do dia, sem planejar, sem listar, apenas existindo - preferencialmente ao sol, com uma xícara de café
Reduzi drasticamente o número de tarefas na minha lista diária, focando apenas no que verdadeiramente importava
Comecei a observar meus ciclos naturais de energia e criatividade, em vez de forçar uma produtividade constante
Aprendi a valorizar os momentos de "não fazer nada" como parte essencial do processo criativo - o ócio é tão importante quanto o tempo que passamos criando
O resultado? Paradoxalmente, comecei a realizar mais. Não em quantidade, mas em significado e impacto. Os projetos que realmente importavam começaram a fluir com mais naturalidade, e as ideias para estas cartas surgiram com mais facilidade.
É como se, ao reduzir a pressão constante por produtividade, tivéssemos criado espaço para que a verdadeira criatividade e eficiência pudessem emergir naturalmente.
Epicteto nos ensina que não devemos tentar controlar o que está além do nosso poder. E talvez seja esse o maior paradoxo da produtividade: quanto mais tentamos controlá-la e forçá-la, menos produtivos nos tornamos.
A verdadeira produtividade, vista através das lentes do estoicismo, não está em fazer mais, mas em fazer o que é essencial, com presença e propósito. É sobre qualidade, não quantidade. Sobre impacto, não volume.
Então, te convido a refletir: Quantas das suas atividades diárias são verdadeiramente essenciais? Quanto do seu esforço por "ser produtivo" está realmente te levando na direção que você deseja?
Talvez seja hora de fazer menos, para realizar mais.
E com isso, venho anunciar o que estou criando há algum tempo. A ideia já possui anos, a reflexão, alguns meses - mas a ação, o ato de realmente fazer, começou há algumas semanas: a Jornada Estoica.
Estou construindo uma comunidade online de estoicismo com enfoque em trocas de conhecimento, ideias e ajuda. E claro, também teremos diversas aulas sobre estoicismo - além de outros bônus e materiais.
Estou falando abertamente sobre isso pela primeira vez, aqui pelas Cartas. Se você tem algum interesse, é só entrar nesse site aqui e se cadastrar para o pré-lançamento.
Fazendo isso você também concorre a receber um dos 10 acessos gratuitos que eu vou dar para teste - as pessoas que vão me ajudar a enriquecer o conteúdo, dar sugestões e feedback.
Mantenha-se forte. Mantenha-se bem.
Um abraço, André Cicarelli
P.S.: Se esse tema te interessou, recomendo a leitura de "Sobre a Brevidade da Vida", de Sêneca. É um texto que mudou completamente minha perspectiva sobre tempo e produtividade. Além dele, também mencionei “Essencialismo”, que pode te interessar.
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